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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Sobre de que o tempo trata


 

Chore, não porque o queira, mas porque é necessário

Expurgue através das lágrimas esse sofrimento maléfico

E indiferente que lhe corrói a alma

 

Alimente os seus neurônios com a eletricidade estonteante

Que transforma em cores quentes o calor que você sente

Nada acontece além do inevitável

 

A curva à sua frente, escura e indecifrável

É o aviso de perigo que é preciso superar

De alguma maneira, para atravessar de fase

 

Alcançar outra montanha na qual se pode

Visualizar o paraíso

 

A loucura é uma parte da maleta que esconde

A realidade caminhando em suas mãos

O conteúdo é discriminável

Papel, dinheiro, documentos importantes

Para você ou para alguém. Ou nada.

 

E o nada é a melhor representação da felicidade

Não diga nada, não faça nada, não espere nada

De alguém algum

 

More nas lágrimas que escorrem

Escaldam e aliviam

É disso que trata o tempo

 

 

Marcelo Gomes Melo

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Escravos do inominável


 

      O corpo exige. De um tipo passivo-agressivo, demonstra o seu desconforto através de sintomas, no início imperceptíveis, mas na sequência ostensivamente, açoitado pela alma e seus dissabores.

        A morte é certa a partir do momento em que se nasce, e o entremeio é um sofrer sem fim, alternado pelas esperanças vãs, pelos hipócritas que defendem coisas nas quais não acreditam e insistem na existência de um arbítrio inexistente, pois não se pode fugir do inevitável.

        Amor, paixão, tesão, riqueza, vida feliz, são artifícios muito bem produzidos para manipular as ações humanas durante o período entre o nascimento e o fim. Um adestramento no qual você aparentemente pode escolher, mas a realidade é que todos os caminhos levarão a um mesmo fim a morte. Bom ou mau, certo ou errado, triste ou alegre, parecem ser escolhas pessoais, mas todos esses estados são extremamente influenciáveis, dependem das outras pessoas, direta ou indiretamente, então vivemos uma vida fake? Podemos realmente dizer que o alcançamos são realizações ou apenas distrações em um ambiente instável e gélido, observados como marionetes inseridos e retirados dos jogos abruptamente, sem opções?

        Acreditar torna a existência suportável, só que não é possível acreditar sempre, confiar sempre. Nada é eterno. Mundos terminam para as pessoas que se vão, enquanto novos entes surgem nas maternidades, dependentes do destino e dos pais. Mais do destino do que dos pais.

        A enorme roda do enigmático gira em velocidade desconhecida. A curiosidade de uns os leva à obsessões incontáveis, enquanto a indiferença de outros equilibra a balança e não afeta as mudanças lentas e constantes, ou estrondosas e assustadoras, mudando as configurações do mundo em segundos, chocando antes de virar normalidade, porque o ser humano é adaptável. Única qualidade digna de menção resiliência para escravos do inominável.

                        Marcelo Gomes Melo

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Amor que não pode ser

 

 

Um punhal profundamente fincado entre as costelas

Amor que não pode ser, que tira o fôlego a cada golpe

E não lhe permite morrer

 

Apenas a sensação de que não há nada além

Daquele momento

E o que vem será docemente espalhado

Ao vento

 

Amor que não pode ser e jamais acaba

Pressiona, alivia, pressiona

Devasta, alimenta, desaba

 

Amor que não pode ser, mas que o é

Amor para viver, sofrer

Que transcende a dor

Promete que vai morrer

E é imortal, indelével, sensacional, irremediável

Vital, irracional, amor que não pode ser

Amor que o é!

 

Marcelo Gomes Melo

Sobre de que o tempo trata

  Chore, não porque o queira, mas porque é necessário Expurgue através das lágrimas esse sofrimento maléfico E indiferente que lhe cor...