O
corpo exige. De um tipo passivo-agressivo, demonstra o seu desconforto através
de sintomas, no início imperceptíveis, mas na sequência ostensivamente,
açoitado pela alma e seus dissabores.
A morte é certa a partir do momento em
que se nasce, e o entremeio é um sofrer sem fim, alternado pelas esperanças
vãs, pelos hipócritas que defendem coisas nas quais não acreditam e insistem na
existência de um arbítrio inexistente, pois não se pode fugir do inevitável.
Amor, paixão, tesão, riqueza, vida feliz,
são artifícios muito bem produzidos para manipular as ações humanas durante o
período entre o nascimento e o fim. Um adestramento no qual você aparentemente
pode escolher, mas a realidade é que todos os caminhos levarão a um mesmo fim a
morte. Bom ou mau, certo ou errado, triste ou alegre, parecem ser escolhas pessoais,
mas todos esses estados são extremamente influenciáveis, dependem das outras
pessoas, direta ou indiretamente, então vivemos uma vida fake? Podemos
realmente dizer que o alcançamos são realizações ou apenas distrações em um
ambiente instável e gélido, observados como marionetes inseridos e retirados
dos jogos abruptamente, sem opções?
Acreditar torna a existência suportável,
só que não é possível acreditar sempre, confiar sempre. Nada é eterno. Mundos
terminam para as pessoas que se vão, enquanto novos entes surgem nas
maternidades, dependentes do destino e dos pais. Mais do destino do que dos
pais.
A enorme roda do enigmático gira em
velocidade desconhecida. A curiosidade de uns os leva à obsessões incontáveis,
enquanto a indiferença de outros equilibra a balança e não afeta as mudanças
lentas e constantes, ou estrondosas e assustadoras, mudando as configurações do
mundo em segundos, chocando antes de virar normalidade, porque o ser humano é
adaptável. Única qualidade digna de menção resiliência para escravos do
inominável.
Marcelo Gomes Melo