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segunda-feira, 29 de maio de 2023

O anjo tecnológico


 

          O anjo tecnológico

 

       O ódio consome como fogo em um vilarejo de casas de madeira. Rapidamente, inclemente, enquanto uma voz suave sussurra automaticamente: Queime! Morra! Queime! Morra! Mais!

       O sol escaldante colabora indiferente sobre o sal que arrasa os ferimentos e a pele queimada é perfurada por agulhas enormes, afiadas, pressionando os ossos.

       A dor é ilimitada, mas não sofrer nunca foi opção. E a voz suave de uma mulher implacável repete incansavelmente: Morra! Queime! Salgue! Sofra! Morra! Mais!

       Quem mandou acreditar em coisas supostamente maravilhosas? É motivo suficiente para punição eterna!

       Lide com o sofrimento com dignidade e força destrutiva e incansável. Que o mundo se acabe assim que você concluir o seu destino sem drama, enquanto as luzes se apagam.


 

                                   Marcelo Gomes Melo

quinta-feira, 25 de maio de 2023

A misteriosa dubiedade do outono


 

            A misteriosa dubiedade do outono

 

          As tardes de outono refletem a minha bipolaridade, o sol presente em um céu azul maravilhoso, uma beleza digna de lágrimas de emoção, enquanto as sombras reservam um frio peculiar, exigindo a proteção de algo quente, como uma jaqueta, luvas, um abraço seu...

          É possível respirar livremente, inundar os pulmões de ar frio, agindo para clarear os pensamentos e aumentar a percepção do que está à volta, incutindo a impressão de que se está inserido em algo maior, possibilitando diminuir o desespero e facilitar a compreensão das coisas que parecem não ter solução.

          O cair da noite instala o mistério, e tudo o que não é conhecido provoca o temor, a ansiedade, o impulso de se defender embora não se tenha noção exata de quê.

          O outono, dentre todas as estações, tem uma dubiedade que espelha a vida em si, mostra ambos os lados, todos os ângulos, e permite o equilíbrio de emoções que tornaria qualquer ser humano em alguém no caminho da plena realização pessoal.


Marcelo Gomes Melo

terça-feira, 23 de maio de 2023

À procura de mim


 

                                 À procura de mim

       Estou sempre me procurando para argumentar comigo mesmo, mas nunca me encontro. Estou sempre em rampa oposta, um subindo, outro descendo, na contramão de mim, razão e sentimentos separados.

          O engraçado é que ambos, separadamente, por coincidência ou intenção, me levam ao mesmo pântano escuro, sombrio, lotado de armadilhas, areia movediça, plantas carnívoras, terreno acidentado plantado com bombas e tentáculos mortais. Seria essa a definição de destino?

          No limiar da entrada acontece a divergência. A razão me empurra para um lado e os sentimentos para outro, oposto nos mínimos detalhes.

          O caminho ofertado pela razão parece mais equilibrado, com uma limpeza indescritível para um pântano, mas igualmente perigoso, de maneira que a lógica poderia me salvar dos meus arroubos de rebeldia e atitudes pueris.

          A direção que os sentimentos me apontam são turnos, sensíveis, incrivelmente belos para um local tão assustador. Atraem com um sorriso dúbio, que planta a incerteza em meu ser, mesmo insinuando as delícias infindáveis que atingem o meu corpo frágil e repleto de desejos.

          Não consigo conversar comigo mesmo, mas algo me diz que ambos os caminhos darão no mesmo lugar. Basta que eu consiga escapar sem arranhões profundos, ferimentos que me destruam antes que alcance o equilíbrio e a junção entre corpo e alma, razão e sentimento. Seria essa a definição de paraíso?

          Não me alcanço e afundo em meus terrores a cada noite, na geladeira da razão, congelando até o amanhecer, confuso com a necessidade de obter alguma coisa que me complete, ou mergulhado no caldeirão dos prazeres a ponto de sufocar querendo um pouco de controle para dominar a mim mesmo e alcançar a tão sonhada perfeição.

          Seria isso possível de alguma forma? Ou a procura inacabável é o verdadeiro elo do ser humano com Deus, nadando por águas turvas e descansando nas nuvens, a seu tempo.

          Por um ínfimo segundo nossos olhares se cruzam, e, oh, Deus sabe o quanto é lindo viver assim!


 

                                 Marcelo Gomes Melo

Sobre de que o tempo trata

  Chore, não porque o queira, mas porque é necessário Expurgue através das lágrimas esse sofrimento maléfico E indiferente que lhe cor...