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terça-feira, 19 de setembro de 2023

À procura de mim


 

                     À procura de mim

       Estou sempre me procurando para argumentar comigo mesmo, mas nunca me encontro. Estou sempre em rampa oposta, um subindo, outro descendo, na contramão de mim, razão e sentimentos separados.

        O engraçado é que ambos, separadamente, por coincidência ou intenção, me levam ao mesmo pântano escuro, sombrio, lotado de armadilhas, areia movediça, plantas carnívoras, terreno acidentado plantado com bombas e tentáculos mortais. Seria essa a definição de destino?

        No limiar da entrada acontece a divergência. A razão me empurra para um lado e os sentimentos para outro, oposto nos mínimos detalhes.

        O caminho ofertado pela razão parece mais equilibrado, com uma limpeza indescritível para um pântano, mas igualmente perigoso, de maneira que a lógica poderia me salvar dos meus arroubos de rebeldia e atitudes pueris.

        A direção que os sentimentos me apontam são turnos, sensíveis, incrivelmente belos para um local tão assustador. Atraem com um sorriso dúbio, que planta a incerteza em meu ser, mesmo insinuando as delícias infindáveis que atingem o meu corpo frágil e repleto de desejos.

        Não consigo conversar comigo mesmo, mas algo me diz que ambos os caminhos darão no mesmo lugar. Basta que eu consiga escapar sem arranhões profundos, ferimentos que me destruam antes que alcance o equilíbrio e a junção entre corpo e alma, razão e sentimento. Seria essa a definição de paraíso?

        Não me alcanço e afundo em meus terrores a cada noite, na geladeira da razão, congelando até o amanhecer, confuso com a necessidade de obter alguma coisa que me complete, ou mergulhado no caldeirão dos prazeres a ponto de sufocar querendo um pouco de controle para dominar a mim mesmo e alcançar a tão sonhada perfeição.

        Seria isso possível de alguma forma? Ou a procura inacabável é o verdadeiro elo do ser humano com Deus, nadando por águas turvas e descansando nas nuvens, a seu tempo.

        Por um ínfimo segundo nossos olhares se cruzam, e, oh, Deus sabe o quanto é lindo viver assim!

 

                         Marcelo Gomes Melo

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Para morrer de tristeza...


 

         Para morrer de tristeza...

Para morrer de tristeza é preciso estar apaixonado, de verdade, durante a eternidade. É necessário discernir, mesmo cercado pelo que é nublado, a própria ineficiência em controlar esse amor.

Para morrer de tristeza é preciso estar completamente perdido entre os tremores do seu corpo, inebriado pelo perfume dos seus cabelos. Urge aguentar todo o sofrer sem subterfúgios, lutar para conservar a sanidade ante atitudes que só acontecem entre amantes, domar a insanidade para cavalgar nas noites de lua cheia, o suor escorrendo pelo corpo, a paixão se esvaindo e se regenerando.

Suportar as dores, rebelar-se, causar desconfortos em troca, perceber a loucura de um amor recíproco, atordoante, capaz de causar ferimentos constantemente, e ainda assim desconsiderar imediatamente, pelos momentos inesquecíveis, os pequenos gestos que demonstram atenção infinita às necessidades um do outro, independentemente das contendas selvagens e ciumentas que movem montanhas e cortam os céus com relâmpagos vorazes e trovões deslumbrantes.

Ao arrepio da pele, à sensibilidade de cada toque, à consciência de que nada vai terminar, porque é amor de nunca mais. E ao prolongar-se a distância e a frieza é definhar sem conserto, morrer a conta gotas, de tristeza pura, sem remédio.

Para morrer de tristeza é preciso desconectar-se dos sonhos por causa da incapacidade de apenas pensar na possibilidade de não mais possuir o amor, que agora é dúvida, embora não o seja.

Duvidar do amor é a arma mais letal existente. Eu estou morrendo de tristeza.

                Marcelo Gomes Melo

domingo, 3 de setembro de 2023

A razão do meu sorriso


 

                 A razão do meu sorriso

 

Não são pétalas de rosas que, impulsionadas pelo vento açoitam o meu rosto em uma tarde de outono no caminho do parque das ilusões; muito menos o arrepio involuntário que a vista da cidade me causa, daqui do ponto mais alto, o pico do mundo.

A alma ajustada ao corpo, momento de sintonia fina em que se alcança respostas plausíveis para a existência, valorizando o nível de tranquilidade maior, que é o que todos os seres humanos perseguem durante a completa existência.

A comemoração da amizade real, que exalta as sensações e promove a percepção detalhada do “estar junto” mesmo sem palavras, complemento essencial para uma vida plena, feliz e cooperativa.

O controle das paixões sem perder o arrebatamento necessário ao consumo de cada célula de prazer, lidando com os terrores que vêm acoplados com firmeza e domínio das próprias emoções, sem moderá-las, transformando-as em frieza.

O toque suave e constante, que transmite confiança e proteção, apazigua a ansiedade, proporciona segurança e calor, unindo a sobriedade com a paixão mais ferrenha.

As luzes densas que se alternam no escuro, de diversas cores ante todas as possibilidades que surgem durante a batalha de amor, entre sussurros, pedidos e exigências.

Os mergulhos nos lagos mornos e rasos, nos quais o pensamento flutua e o corpo descansa livre de qualquer urgência. Viver em vez de sobreviver.

Todas essas grandiosidades não me abrem sorriso tão largo, longo e caloroso quanto a visão celestial que acelera o coração e encanta o pensamento. Não se comparam ao sorriso mais lindo que possuo e que a mim não mais pertence, logo que salta e se espalha pelo mundo, colaborando para o encaixe das belezas naturais do planeta. Sim, nada se compara a esse sorriso confiante e apaixonado que surge instantâneo provocado por apenas um fator crucial: Você!

                 Marcelo Gomes Melo

Sobre de que o tempo trata

  Chore, não porque o queira, mas porque é necessário Expurgue através das lágrimas esse sofrimento maléfico E indiferente que lhe cor...