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domingo, 30 de abril de 2023

Shy heart (Coração tímido)


 

Shy heart (Coração tímido)

 

Dry eyes Twisted mind Don't cry

Look at  her walking by

Your heart shy

Everybody love without knowing

Sometimes

 

Olhos secos

 Mente distorcida

Não chore

Olha ela passando

Seu coração tímido

Todo mundo ama sem saber

Às vezes

 

                                  Marcelo Gomes Melo

sábado, 29 de abril de 2023

A espada corta-lágrimas para equilibrar a vida e a morte


 

        Ele possuía a espada corta-lágrimas. Uma lâmina tão afiada que decepava as lágrimas do inimigo antes mesmo de alcançar-lhe o pescoço, separando-o definitivamente do corpo.

          Para merecer tal armamento era necessário ser, antes de obtê-la, um excepcional guerreiro, o mais temido e respeitado por todos, com grande habilidade para debelar rebeliões, destruir injustiças e cultivar uma conexão com o divino.

          A honra do guerreiro e as atitudes por ele tomadas diariamente, o compromisso com a sociedade e o respeito às regras de convivências, explícitas ou subliminares eram ponto chave para a glória ímpar de poder empunhar a espada corta-lágrimas.

          A ideia é fazer justiça de acordo com a visão de um dos lados, preferencialmente da maioria, porque isso seria uma bela amostra de democracia, mesmo em época rigorosa na qual mortes eram mais do que naturais, até justificadas, e resolviam problemas grandes ou pequenos. O mais poderoso sofria menos, e todos tinha noção disso, colocando-se em suas castas conforme o nascimento e esperando sobreviver o tempo que fosse possível.

          Poucos tentavam subir na hierarquia, saindo de uma posição inferior para galgar degraus que lhes permitissem maiores vantagens, maior respeito, riqueza e consequentemente responsabilidade.

          O portador da espada corta-lágrimas gozava de grande prestígio, mas isso custava dormir sempre atento, jamais dar as costas a ninguém, porque qualquer vacilo criaria em espaço para a derrocada, elegendo um novo herói. A vida do portador da espada estava sempre em risco, e o seu dom de julgar rapidamente significaria viver mais um dia. Também significava matar inocentes, ir além do necessário, ser impiedoso e considerar como ofensa a mínima situação.

          A vida de herói não é fácil. A vida de um virtuoso é testada diariamente, e o seu julgamento final não tem garantias de ser bem-sucedido, porque a humanidade é, por natureza injusta, as condições de vida são injustas, embora justiça seja um alvo perseguido a ferro e fogo por todos durante a existência. Muitas vezes definindo erroneamente o que é justiça. Para muita gente justiça é aquilo que lhes favorece. E nem percebem o egoísmo contido em tal definição.

          A afiada espada corta-lágrimas é um instrumento controverso, caso haja uma reflexão a respeito. Mas refletir é improdutivo, nesse caso. A humanidade parece necessitar de pacificadores para equilibrar a balança da vida e da morte.

 


                              Marcelo Gomes Melo

quinta-feira, 27 de abril de 2023

A assimetria do amor

 

A assimetria do amor

Foi uma garota siciliana quem me contou que o amor é assimétrico e a tristeza é marrom, quando ainda há retorno. Em sua jovialidade sábia ela acrescentou que o cinza é para os dias gelados, mas com esperança de troca de rumo, e os licores nem aquecem, nem refrescam, apenas adocicam a língua por alguns segundos, e isso basta para encontrar a perdição.

Essa garota, a siciliana, mantinha a si mesma aquecida com uma longa jaqueta de lã, e os cabelos ruivos e curtos cobertos por uma boina cor de cereja, refletindo a canção do Prince. Os olhos nunca paravam, atentos em todos os lugares, capturando cada nova imagem, segundo o conselho de Fernando Pessoa, tomando a vida como um copo do mais valioso néctar, cujo sabor se perderá para sempre caso seja desperdiçado, e jamais saboreado da mesma maneira.

Enquanto a fitava com uma expressão enigmática ela parecia não prestar atenção em mim; só parecia. Na verdade, estava consciente do quanto eu a observava e como a observava. O que a intrigava era não ter a menor ideia do que se passava pelo meu pensamento.

Como uma boa garota europeia, siciliana, mordeu a fatia de pizza com gosto, lambuzando os belos lábios de azeite, sem se importar. Ela deveria ser algum tipo de anjo em calças pretas apertadas e botas de couro cheia de laços.

Como conversava displicentemente, movia os braços e o corpo em sintonia com a bela voz. De vez em quando eu me perdia ouvindo o som sem perceber os significados, para então voltar na metade de uma frase interessante, filosófica sobre a assimetria do amor e dos níveis de calor das paixões, sagradas como os rituais celtas antigos que garantiam coisas como paz, honra e afastava os sintomas de solidão, aquela incômoda, depressiva.

As flores perfumavam conforme a situação, era o que ela defendia nesse momento. Em situações de agradecimento, um tipo; de desejo, outro tipo; de tristeza... As mesmas de sempre. E essas não enfeitavam bem.

Finalmente ela sorriu, terminando a sua pizza, lambendo os dedos mais como adolescente do que como uma mulher. Sorriu como um dia ensolarado e se espalhou por mim. Tudo o que pude fazer foi devolver um meio sorriso, tímido, cansado.

Havíamos nos conhecido há pouco, na estação de trem. Ela com uma mochila, eu com as mãos nos bolsos. Nada em comum, a não ser a tal assimetria.


 

                                  Marcelo Gomes Melo

Sobre de que o tempo trata

  Chore, não porque o queira, mas porque é necessário Expurgue através das lágrimas esse sofrimento maléfico E indiferente que lhe cor...