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sábado, 29 de julho de 2023

A influência psicológica para o bem e para o mal


 

        A influência psicológica para o bem e para o mal

       Saiu armado pela primeira vez na vida. Antes caminhava encurvado, cabeça baixa, olhos fixos no chão, as mãos nos bolsos, trôpego e hesitante. Também não ousava erguer a voz, gaguejava e nunca contra argumentava com ninguém a respeito de nada.

          Esse cidadão invisível mal era notado quando chamava o garçom em um bar, um táxi, ou na fila do pão. Quando uma mulher se dirigia a ele jamais era por interesse na pessoa suada e trêmula, mas em alguma informação ou para usá-lo como empregado, fazendo favores que jamais recebiam agradecimento.

          Então ganhou de um amigo a arma. Um 38 no cano curto que, segundo o parceiro iria mudar a sua vida. Incutiria confiança e aumentaria a autoestima, tornando-o um outro homem.

          Agora, com a arma na cintura, estava com as sobrancelhas franzidas, o olhar aterrador e incisivo que atacava o mundo com agressividade e um andar firme, como se estivesse marchando. A voz engrossara e estava segura, fácil de ouvir, e as palavras proferidas estavam muito mais claras, o poder de convencer aumentara em mil por cento!

          Imediatamente passou a abordar mulheres com gentileza e bom gosto. Conseguia convidá-las para um chá ou uma cerveja, e após o jantar tinha firmeza de propósito para terminar a noite em um motel ou até na casa da escolhida.

          Passou a contestar educadamente as decisões do chefe, e demonstrar através de exemplos as soluções corretas, o caminho a seguir. Conseguiu aumento e promoção, a vida mudou rapidamente e para melhor.

          Em contrapartida ele nunca mais largou o revólver. O carregava para todos os lugares, dormia com ele, tomava banho com ele. Cuidava da arma como se fosse um filho, limpava, beijava, ninava e conversava com ela. Planejava construir um altar para ela no quarto, e inserir uma foto do amigo que o presenteara com a coisa mais útil de sua vida. O produto que o transformara em homem de verdade.

          Marcou palestras de autoajuda para homens como ele, defendendo a arma como a ferramenta mais poderosa de masculinização do ser humano, incluindo transsexuais. Bradava cheio de si, convencia através do exemplo e se orgulhava de libertar muitos coitados sub-humanos como ele. Cogitava abrir uma igreja para ampliar os benefícios pelo mundo.

          Um dia, após o sexo com a mulher com quem se relacionava no momento, fumavam um cigarro tranquilamente, relaxados, quando ela, casualmente comentou:

          - Eu acho um charme esse seu revólver de brinquedo! Parece até verdadeiro, embora seja de plástico. Um homem gentil e pacífico como você fica uma gracinha carregando uma arma de plástico para lá e para cá. O meu sobrinho de sete anos tem uma igual.

          Os olhos dele quase saíram das órbitas. Os cabelos se eriçaram e começo a tremer incontrolavelmente. A voz não saía. Fitava a ferramenta de cancelar cpf sem acreditar que não servia para nada! Vomitou barulhentamente sem ter nada para colocar para fora.

          Assustada, a mulher ligou para a emergência e fugiu, com medo daquele farrapo humano totalmente diferente do cara que conhecera.

          Quando a ambulância chegou, a porta do quarto estava trancada e ele não respondia. Ao derrubarem a porta encontraram-no em um canto encolhido, posição fetal, chupando o polegar. Nunca mais foi o mesmo novamente.


 

                                  Marcelo Gomes Melo

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Asco pelos seres supostamente racionais


 

         Asco pelos seres supostamente racionais


Sabe há quanto tempo eu não ouço um “Te amo”?

Esse é um mundo triste, lotado de pessoas entristecidas, solitárias e reféns dos próprios pensamentos impróprios, completamente exaurido, sem capacidade intelectual, vítimas de dogmas instituídos por líderes fracos e funcionalmente analfabetos, cujas ações destroem ainda mais um ambiente que involui visivelmente, letalmente.

A vida é irrisória, o planeta parece querer expurgar as maldades desses seres ignorantes que perderam todos os valores, e defendem atitudes sem nenhum nexo, prejudicando a todos, sem distinção. Os que estão aparentemente se locupletando dos novos ideais são frívolos, distribuem a sua inutilidade nociva com um orgulho patético, de olhos esgazeados, vazios e fanáticos.

Viver nesses tempos é doloroso aos que já experimentaram gerações mais eficazes, com regras mais realistas e justas, com a possibilidade de corrigir com dureza os desvios de conduta, embora sem a perfeição improvável e impossível que hoje é aclamada.

Mundo enganoso, viciado e trôpego, multidões transitando com um vislumbre de horror no fundo de seus olhares apagados, sorrisos automáticos que denotam ausência de felicidade. Não há paixões, porque foram substituídas pelo fanatismo glorioso e maldito sem remédio. Sabe há quanto tempo você não ouve um “Te amo”? E se ouviu, tem a plena certeza de que foi dito com o fervor necessário, pode afirmar que realmente continha significado? Quantas vezes você se lembra de ter dito em voz alta e firme, com veracidade completa, sentindo totalmente o que disse a alguém especial? Aliás, você sabe o que é especial? Há algo que considere especial? Tem a plena certeza disso?


 

                            Marcelo Gomes Melo

 

terça-feira, 11 de julho de 2023

O que é ou não permitido


 

       O que é ou não permitido

 

Palavras de amor nunca expressadas

Escorrem dos meus olhos como lágrimas

Adocicadas pelo sangue imortal que tatuam

As paredes seculares.

 

O tremor dos candelabros demonstra

O tamanho da ira do deus que pretende demolir

Os castelos intransponíveis os quais protegiam

Os reis, as belezas e as riquezas que os convenciam

 

A seguir um caminho sem volta, acreditando poder

Encostar por segundos em uma dádiva secreta:

Amar por si só, o que nunca foi, é ou será permitido.

 

O bônus em espécie não é notado, o ônus é exaltado

E determinado pelo tamanho da exaltação e de quem

O exalta. Os fins... Os meios... É a vida, enfim.


 

                                    Marcelo Gomes Melo

Sobre de que o tempo trata

  Chore, não porque o queira, mas porque é necessário Expurgue através das lágrimas esse sofrimento maléfico E indiferente que lhe cor...