O final é sempre o mesmo. A morte. O ciclo que deve ser cumprido por todos os seres vivos como os conhecemos. E não se trata de uma ode ao fim da vida, apenas pura constatação de um lento e constante observar do caminho traçado e seguido na face da Terra.
Passemos, pois às argumentações: caso tenha assistido ao filme estrelado por Brad Pitt, “O curioso caso de Benjamin Button”, que trata de um personagem que nasce velho e vai rejuvenescendo inexplicavelmente, estará apto a filosofar a respeito da inevitabilidade da morte. Button rejuvenesce, entretanto isso não significa que viverá para sempre, não se trata de imortalidade, o que nos faz pensar que é apenas uma maneira reversa do que os seres experimentam em suas jornadas.
Nascemos, crescemos, nos desenvolvemos e morremos, inevitavelmente. Como uma flor é semeada, nasce, se desenvolve, atinge o auge da beleza, murcha e desaparece. A diferença entre todos os seres se dá apenas no tempo em que isso acontece: uns mais, outros menos.
A morte é o que os une intrinsecamente, algo que não é muito percebido pelos seres humanos comuns, que ignoram o fato, por medo o por serem moldados assim, para não pensar. Passam, então a evitar, através de múltiplos meios a chegada do final do caminho.
E caso o destino dos seres fossem, como Benjamin Button nascer velho, com todo o conhecimento adquirido e os percalços da existência já superados, as cicatrizes já prontas, o sentimento, a emoção descontrolada já sob total domínio, e a partir daí começassem, no mesmo ritmo a rejuvenescer, perdendo todo esse conhecimento já adquirido, retornando ao rumo incerto e ansiedade voraz? O final seria, de alguma forma diferente? Ou chegariam ao ponto de sumir, voltando ao útero e em seguida espermatozoide, o que significaria morte, como a conhecemos?
O ciclo de existência não seria o mesmo, o destino não seria realizado apenas de forma inversa? Nesse caso, o fato de a maioria dos seres evitarem falar na morte seria adequado, por ser uma coisa inviável e desnecessária, a não ser para os filósofos, que encontram nessa reflexão algum sentido em existir, ou poetas, que descrevem a dor de algo tão forte e inexpugnável como o é amar indisciplinadamente, restando receber a (segundo eles) punição pela perda do ser amado.
Não é fúnebre nem insensato raciocinar em torno da morte, visto que dá uma nova perspectiva ao viver, e ao que significa levar a própria vida com estoicismo, sofrendo menos, supostamente.
Ah, os desvarios que se inserem nos cérebros e corações humanos, fadados a sobreviver em terra estranha sem saber por que ali estão, sequer até quando estarão e para onde irão, quando partirem!
Marcelo Gomes Melo
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